Há alguns meses, conheci uma mulher que trabalhava como babá na casa dos meus tios. Ela tinha um bebê de um ano, que ficava sob o cuidado de parentes no interior. Ela passava a semana na cidade, cuidando de minha prima recém-nascida. Ela estava com febre. Motivo: seus seios estavam cheios e ela não poderia amamentar seu neném, porque morava longe e estava no trabalho. Tinha que tomar remédios para esvaziar o leite.
Já na casa da minha mãe, uma diarista contou que anos atrás acabara de dar à luz sua bebê, quando surgiu uma oportunidade de trabalhar na casa de alguém. Seguiu para a entrevista, mentiu que tinha filho pequeno, e dias depois foi descoberta. Felizmente, acrescentou, não a demitiram - desde que a bebê 'não atrapalhasse' seu trabalho.
Lembrar dessas duas experiências e de zilhares outras que acompanhei - convivendo com babás e empregadas domésticas, lendo sobre a condição de mulheres que cuidam de sua casa ou de outras pessoas, e lidando com minha própria condição, seja como dona de casa, seja como jornalista- fez com que The Help me arrebatasse logo na primeira cena, quando a aspirante a escritora Eugenia Skeeter (Emma Stone) faz a seguinte pergunta à empregada Aibileen Clark (Viola Davis):
"Como você se sente cuidando de uma criança quando seu próprio filho está em casa, sendo cuidado por outra pessoa?"