Call the midwife: ela está onde está a ação


"eu não sabia nada de pobreza ou de moradias atrozes,
nada de piolhos, de sujeira,
de quatro membros de uma família dormindo numa cama.
e nada da paixão que provoca um bebê após outro, um parto após outro.
Não sabia nada da vida em si" 


Cada criança é concebida com amor, ou com luxúria,
e nasce com dor seguida de alegria,
ou de tragédia e angústia.
Cada parto é assistido por uma parteira
ela está onde está a ação.
ela vê tudo

Nas últimas décadas, tem acontecido todo um movimento mundial de resgate ao trabalho das parteiras - hoje enfermeiras obstétricas. Fundamentadas pelas evidências científicas que buscam combater  a morte de mulheres e oferecer tratamentos adequados às necessidades reais (e não mitológicas) das mulheres no parto, as lutas antes tão esparsas e individuais dessas profissionais hoje ganham forma e apoio de um Estado que percebe ser também economicamente vantajoso combater a 'tecnocracia' avassaladora. As mulheres estão consumindo cesarianas, por achá-las 'salvadoras', e os profissionais da vez são os cirurgiões obstetras, que parecem não saber mais assistir partos, apenas cortar barrigas e tirar bebês de dentro dela. No nascimento de hoje, as parteiras não estão, porque não está a ação. Só a inércia e a espera.

Chamar as parteiras de volta é um  dos elos mais importantes para que esse tipo de 'barbárie' (como define o obstetra Ricardo Jones) deixe de levar mulheres e bebês a riscos de morte ou a consequências mórbidas. Chamar as parteiras é uma das soluções fundamentais para resgatar o que há de bom no passado aliando, claro, com o bom uso da tecnologia desenvolvida até agora.