As percepções e reflexões dos consumidores do “bom filme” se fortalecem com “I Am Legend” (“Eu Sou a Lenda”), do diretor Francis Lawrence, e sobre os pólos mais diversificados: a vida humana em sociedade; a dúvida quanto ao divino; as forças renovadas nos menores detalhes; o surto devastador que ao invés de fim é, na verdade, recomeço. Nesta análise, vamos compreender a nuanças do mundo do cientista Robert, abandonado pelo impacto dizimador da própria espécie em suas ações, sem a mínima oportunidade de vingança, compartilhando apenas o ímpeto da “recuperação”, com aqueles que sobrevivem do medo da morte. Como já indiquei, aqui, o fim é a esperança renovada em um começo consciente e valorizador das minuciosidades da estadia na terra, mesmo não sendo muito promissor, já que o objetivo é fazer sobreviver aqueles que ocasionaram os desconcertos sociais e climáticos. Fazendo sobreviver a própria praga, o herói dá “um tiro no próprio pé.”
No silêncio ensurdecedor da cidade, Deus pode ser ouvido, como jamais antes. E é comumente ouvido por Robert, enquanto a “conexão” não é atrapalhada pelos latidos de sua cadela de estimação, o som de casa do Bob Marley ou os gritos de fome do predador bicho e do predador homem (ambos, aqui, irracionais). Às sombras da história, a praga burra se auto-estraçalha, à beira da extinção, pela cobiça de ser divino como o sol.