No silêncio ensurdecedor da cidade, Deus pode ser ouvido, como jamais antes. E é comumente ouvido por Robert, enquanto a “conexão” não é atrapalhada pelos latidos de sua cadela de estimação, o som de casa do Bob Marley ou os gritos de fome do predador bicho e do predador homem (ambos, aqui, irracionais). Às sombras da história, a praga burra se auto-estraçalha, à beira da extinção, pela cobiça de ser divino como o sol.
Durante o filme, essa idéia é transpassada ao espectador pelo próprio personagem de Robert, brilhantemente encenado por Will Smith que, por sinal, continua na manutenção de personagens que se opõem ao jovem suburbano e limitado da Filadélfia (no seriado que o marcou: “Um Maluco no Pedaço”), mostrando-se um ator impecável. “Isso não foi feito por Deus, mas pelo homem” é sua frase de maior impacto durante as cenas. Na trama, o desenvolvimento de um vírus conhecido dentre os cientistas como “vírus VK” foi o ponto de partida para oferecer um objeto que, na verdade, traveste as ações humanas realizadas fora das superproduções do cinema hollywoodiano. Como: a intervenção negativa na natureza; a violência das grandes metrópoles sendo transferida/alastrada para todos os demais espaços; ou mesmo a insanidade político-financeira que supera qualquer “lógica de espírito” ao atender demasiadamente a luxúria do poder. Com o “vírus VK”, 5,5 bilhões de pessoas foram mortas (pelos efeitos colaterais do método que prometia a cura contra doenças fatais ou assassinadas pelos sobreviventes do vírus, no auge de suas loucuras e fomes incontroláveis), por outro lado, os sobreviventes sofreram uma espécie jamais vista de mutação que os designava a uma vida vampiresca. Seja no cotidiano escuro (suas peles são sensíveis a luminosidade), seja na vontade insaciável por carne e sangue humana. Assim, preso na realidade sombria construída pela sua própria geração, Robert, junto de sua cadela Samantha (única integrante viva de sua família, formada por mulher e uma filha pequena) se adequou à tentativa de recriar relações/amarras sociais ilusórias. O silêncio é mais intenso e perceptível que a própria solidão do protagonista. O que nos faz apontar um aspecto interessante aos fãs de trilhas sonoras memoráveis: o filme não instiga de maneira alguma aos ouvidos. Em seu roteiro, propositadamente (assim espero), a trama fortalece a idéia de destruição/dizimação de boa parte da vida humana em terra e, consequentemente, solidão dos escassos sobreviventes. Portanto, o silêncio é que é estrategicamente memorável e acompanha constantemente Robert nas suas atividades de pesquisa em laboratório, nos fundos do sótão, na busca pelo antivírus.
Durante o filme, essa idéia é transpassada ao espectador pelo próprio personagem de Robert, brilhantemente encenado por Will Smith que, por sinal, continua na manutenção de personagens que se opõem ao jovem suburbano e limitado da Filadélfia (no seriado que o marcou: “Um Maluco no Pedaço”), mostrando-se um ator impecável. “Isso não foi feito por Deus, mas pelo homem” é sua frase de maior impacto durante as cenas. Na trama, o desenvolvimento de um vírus conhecido dentre os cientistas como “vírus VK” foi o ponto de partida para oferecer um objeto que, na verdade, traveste as ações humanas realizadas fora das superproduções do cinema hollywoodiano. Como: a intervenção negativa na natureza; a violência das grandes metrópoles sendo transferida/alastrada para todos os demais espaços; ou mesmo a insanidade político-financeira que supera qualquer “lógica de espírito” ao atender demasiadamente a luxúria do poder. Com o “vírus VK”, 5,5 bilhões de pessoas foram mortas (pelos efeitos colaterais do método que prometia a cura contra doenças fatais ou assassinadas pelos sobreviventes do vírus, no auge de suas loucuras e fomes incontroláveis), por outro lado, os sobreviventes sofreram uma espécie jamais vista de mutação que os designava a uma vida vampiresca. Seja no cotidiano escuro (suas peles são sensíveis a luminosidade), seja na vontade insaciável por carne e sangue humana. Assim, preso na realidade sombria construída pela sua própria geração, Robert, junto de sua cadela Samantha (única integrante viva de sua família, formada por mulher e uma filha pequena) se adequou à tentativa de recriar relações/amarras sociais ilusórias. O silêncio é mais intenso e perceptível que a própria solidão do protagonista. O que nos faz apontar um aspecto interessante aos fãs de trilhas sonoras memoráveis: o filme não instiga de maneira alguma aos ouvidos. Em seu roteiro, propositadamente (assim espero), a trama fortalece a idéia de destruição/dizimação de boa parte da vida humana em terra e, consequentemente, solidão dos escassos sobreviventes. Portanto, o silêncio é que é estrategicamente memorável e acompanha constantemente Robert nas suas atividades de pesquisa em laboratório, nos fundos do sótão, na busca pelo antivírus.
Jamais, a idéia de que o “homem não sabe viver fora da sociedade” ficou tão visível em um filme que fica exterior da nomenclatura “Cult” e produzido para alcançar recordes de bilheteria. Robert, em suas “caminhadas diárias”, faz amizade com manequins, tratando-os com amor, repúdio, medo, como se sentisse necessidade de manter vivos tais sentimentos e estimulá-los. Para preencher a dispensa de mantimentos, sai para os mercados vazios e, ainda assim, vai ao caixa. Sem falar que, durante o período de reclusão, assiste aos mesmos noticiários, aos mesmos filmes, regravados, para ao menos tentar manter uma rotina “normal”. O espaço era grande demais e Robert queria dividi-lo de qualquer forma, redirecionando suas forças a uma missão quase impossível de caçar um monstro e usá-lo como cobaia, objetivando reverter o caos instalado, para poder cumprir a proposta inicial de proteger sua região, como for possível.
Lógico que, alguns ingredientes para a venda do filme foram usados como era de se esperar. Comecemos pelo final promissor, que reabre a possibilidade de um recomeço para a humanidade (na sua pós-higienização), a partir de uma comunidade isolada e protegida da contaminação em massa que recebe o antivírus de Robert, entregue por outros sobreviventes. Contextualmente, a trama de destruição alcança seu auge em 2012 (o que faz com que o roteiro percorra a “modinha 2012” que atacou as grandes indústrias fílmicas no mundo todo e revertem suas produções em muito dinheiro por tratarem da proximidade do fim, pondo, ao mesmo tempo, medo e êxtase em todos os que acompanham as cenas de morte total, cada vez mais reais). Também, as aparências com “Resident Evil” não foram descartadas por alguns críticos (normalmente aqueles que reconhecem os filmes de “Resident Evil” como “padrão” para alguma coisa).
Pulando o fim um tanto previsível (não tanto, principalmente pela morte de Samantha e do altruísta Robert), pode-se tratar com um pouco mais de apresso os objetivos que centralizam a maioria das cenas. Um deles seria a continuidade histórica (cultuada como poder) que a humanidade sente necessidade de perpetuar, pelas colaborações em feitos que quebram limitações de um corpo limitado, pela busca em curar o que antes era incurável, pelo descaramento em marginalizar o cotidiano entre amigos e família para a troca de viver a “vida de Deus”. Assim, com tais expectativas, se perde a razão (existindo uma) no valor da cegueira da cobiça em ostentar mais e mais, e um mais desconhecido, e um mais incontrolável, que domina a si e dizima os seus.
“I Am Legend” revela um reflexo de verdade intrigante, fragmentada dentro de um mundo utópico do roteirista, onde o protagonista deveria ser um animal irracional, mais precisamente a cadela Samantha, que não contribuiu para nada daquilo acontecer, heroína por não ser a praga, praga que se recobre na doença do sucesso “reconhecido” por todos a qualquer preço, mesmo que custe a vida alheia. Sucesso que abrange a vontade de ser mais que simples mortal.
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