
A mente é submetida a fraquezas, como o medo, por exemplo. Sentimentos, questionados são, e questionados permanecem, pois as perguntas com relação a eles geram respostas, perguntas e poucas sensações podem ser definidas de maneira objetiva. O que é verdadeiro pode ser destruído, claro que pode. Mas aí as pessoas teriam que compreender a própria essência ao invés de procurar no outro as respostas para si.
Outro ponto forte é a questão de que o verdadeiro é inquestionável. O amor não pode ser alterado pela ciência e ainda se fosse possível, uma lacuna de dor e confusão iria existir. O filme retrata o desejo de muitas pessoas, que é o de poder apagar determinadas lembranças. Seria fácil poder clicar ‘ctrl+z’ e desfazer da memória as lembranças ou um ‘delete’ para o coração e assim apagar os sentimentos. Seria automático. Esses artifícios seriam usados com uma frequência assustadora, fazendo a vida perder o sentido. Ao assistir a Eternal Sunshine of the Spotless Mind pude refletir profundamente e questionar-me tentando descobrir o que é melhor: viver sem esquecer ou simplesmente acreditar na facilidade desejando assim poder esquecer a dor e viver uma vida controlada e ‘’feliz’’? O tempo passa, a tecnologia avança e a comodidade aumenta no mesmo nível. Um dia inventaram corações de chumbo e mentes a prova de qualquer pensamento sentimental. Os tais humanos robôs da nova geração.
A definição é marcante. O brilho eterno de uma mente sem lembranças é um filme que pode ser assistido muitas vezes, em momentos variados e ainda assim não perderá o real sentido. O sentimento de ter assistido um filme como esse é o melhor. É admirável se auto questionar e mudar.
Nietzsche é citado algumas vezes e uma das citações feita pela atriz Kirsten Dunst é a seguinte: ‘’Abençoados sejam os esquecidos, pois tiram o melhor dos seus equívocos’.’ De fato é algo sensacional, você pode esquecer-se de algo sem nenhum tipo de intervenção cientifica. Esquecer-se de lembrar ou lembrar-se de esquecer. Friedrich dizia que o homem tinha algumas ‘’virtudes’’, as quais poucos as tinham. Esquecer naturalmente deveria ser uma delas, pois segundo o filósofo alemão a vida pertence aqueles que modificam atitudes, aprendem a passar por cima do orgulho e amenizam as dores de uma maneira compreensiva.
Por fim, o filme mostrou que o diálogo do sentimento não é só estabelecido entre duas ou mais pessoas, ele é único, fundamental e precioso quando estabelecido com apenas uma; o próprio ‘’eu’’.
Clariza Santos