O documentário “Criança: a alma do negócio” trata de um assunto muito delicado e pertinente na sociedade contemporânea, sobretudo para a realidade em que se vive o Brasil. Consumo na infância é algo que deve ser tratado com cautela e ser dada a devida atenção.
Com o advento da tecnologia e o maior acesso a ela, ficou fácil também para que as peças publicitárias e propagandas circulem por toda a sociedade e cheguem a pessoas de todas as faixas etárias. Há anos atrás, o consumo não era tão crucial na sociedade como é hoje em dia.
Valiam mais influências e habilidades do que certos produtos ou ostentação. Já no contexto social em que vivemos atualmente, o indivíduo agrega valor a si apenas pela posse. Se o indivíduo possui algo que nele a sociedade agrega valor ou considera algo que tenha importância de alguma maneira, este indivíduo vale alguma coisa para a sociedade. Mas se o indivíduo não tem algo que agregue valor, ele é excluído do convívio social e passa a buscar a qualquer custo algo que lhe agregue valor para que ele possa ser aceito na sociedade. Com as crianças não é diferente.
A criança cresce condicionada a consumir, sem refletir, sem saber pensar, apenas condicionada a consumir o que vê e é posto sem nenhuma objeção ou ao menos entender o porquê está fazendo aquilo. Os pais têm uma parcela de culpa nisso tudo por não saber controlar esse consumismo desenfreado das crianças. A legislação brasileira também é falha quanto à proteção da criança nesse âmbito da publicidade.
No contexto social, já não é mais a família que forma os valores das crianças e nem quem as educam. Esse papel ficou para a escola que já não consegue mais realizar tal função, pois a mídia tomou este lugar, veementemente e de uma maneira quase que irreversível. A educação e a formação do caráter das crianças tornaram-se midiatizadas nestes tempos pós-modernos. Os pais saem para trabalhar e a TV diz à criança como se vestir, como se comportar, o que falar e como falar, mas sem fazer com que a criança reflita o por quê de ser assim ou de fazer isso. O questionamento já não existe mais. A educação midiatizada ensina a criança a ser acomodada com a sua situação e a aceitar, sem questionar ou tentar entender, os motivos que a levam a consumir desenfreadamente. Serão formados adultos que consomem produtos, sem precisar deles e sem ao menos saber o motivo pelo qual não precisam e sem saber também o motivo pelo qual eles sempre vão atrás do que não precisam.
A geração futura caminha para ser uma geração que não sabe o que faz e age de modo automático e nem saberá se questionar o por quê ela age de modo automático e muito menos o que a levou a agir desta maneira.
A midiatização da educação infantil tornou o trabalho automático e tecnocrático para a formação de uma criança, que será um adulto extremamente consumista, numa sociedade do consumo, onde se ela não consome, não tem valor algum.
Jonas Sutareli
P.S.: o documentário foi produzido pelo Instituto Alana (http://www.alana.org.br), que, sob palavras da própria instituição, “é uma organização sem fins lucrativos criada em 1994 que tem como missão fomentar e promover a assistência social, a educação, a cultura, a proteção e o amparo da população em geral, visando a valorização do homem e a melhoria da sua qualidade de vida, conscientizando-o para que atue em favor de seu desenvolvimento, do desenvolvimento de sua família e da comunidade em geral, sem distinção de raça, cor, posicionamento político partidário ou credo religioso.”
Confira abaixo, o documentário na íntegra:
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