GTA e a ética nos jogos eletrônicos

Verceti
Atualmente, pessoas com mais de vinte anos, geralmente, quando pensam em diversão na infância, lembram-se das brincadeiras com seus colegas no meio da rua. Correndo ou parado, o ápice era todo o pessoal junto, na rua, só para ter a sensação de liberdade.

Nos tempos atuais a coisa mudou um pouco. A maioria das crianças preferem ficar trancadas na frente de uma TV, seja assistindo desenhos animados ou se divertindo com jogos eletrônicos. Nada contra jogos eletrônicos, particularmente, sou muito fã deles.

Mas deve haver um limite, como para todas as outras coisas também há um limite, a fisiologia humana nos impõe esses limites. Não podemos fazer tudo e qualquer coisa a qualquer tempo que quisermos. Nosso corpo tem limites e devemos respeitá-los para vivermos bem.

Tocando no ponto de jogos eletrônicos, como um fã declarado, não posso negar que a diversão envolvendo vários dos jogos é enorme e o envolvimento que o jogo causa no utilizador também é bastante considerável. Por esses motivos é que a utilização de aparelhos deste tipo por crianças que ainda não tem amadurecimento mental e social avançado deve ser controlada pelos pais, para evitar problemas futuros.

Há um jogo que é considerado por muitos um dos mais violentos e realistas da atualidade: Grand Theft Auto. Em tradução livre significa ‘grande roubo de carros’. Mas o game não trata apenas de roubos e carros. O jogo, produzido em série, tem vários títulos com enredos diferentes. Todavia, a sistemática de todos os jogos da série são basicamente a mesma. O jogador controla uma personagem que pode roubar veículos de diversas categorias (de bicicletas a aviões), espancar e matar pessoas, dentre outras atividades criminosas. O jogo da série que analisarei será o “GTA: Vice City”. O jogo se passa em uma cidade fictícia, chamada Vice City, na década de 1980, onde o protagonista, Tommy Vercetti, tem que acender em sua carreira criminosa, começando com crimes pequenos como roubo de carros, passando por crimes de falsidade ideológica e desacato a autoridade, se passando por policial e roubando uma viatura, até chegar a tomar o controle da prostituição e tráfico de drogas de toda a cidade.

No jogo, há uma banalização da violência e uma prática um tanto quanto paradoxal: a descriminalização da criminalidade. Colocando ao acesso de qualquer pessoa um jogo em que você pode entrar na pele de um criminoso e cometer todo tipo de contravenção penal sem ter o desconforto de receber uma carta de um oficial de justiça em sua casa ou de ser preso em flagrante ou até sem correr o risco de tomar um tiro, é um tanto quanto contra os princípios sociais, éticos e morais. De certo o jogo é classificado como “Rated R”, que nos Estados Unidos é a classificação máxima, se um jogo é classificado como “Rated R” é destinado apenas para adultos. Todavia, não há um controle maior e esse tipo de jogo torna-se acessível para crianças de todas as idades.

O jogo causa um distúrbio da ideia de sociedade e convivência social, atacando os princípios éticos e morais. No jogo, além de você ser um criminoso, existe a possibilidade de você interferir na vida de pessoas comuns que não cometem nenhum tipo de contravenção. O jogo faz do jogador um criminoso completo, com vasta gama de ações contra os princípios éticos, morais e contra as leis, abordando este assunto como algo comum, que não merece nenhuma atenção e que não deve ser tratado com seriedade pela sociedade. Colocando na posição de estrela o que deveria ser banalizado da sociedade. O jogo chega a dar status à criminalidade, por fazer com que cada crime maior que o jogador cometa, seja mais premiado.

O grotesco nesse jogo é bastante visível. Qualquer um que passe ao menos 5 minutos observando alguém jogar, pode constatar a banalização da vida no jogo, pode-se matar livremente, pegar armas livremente, correr atirando pela cidade, roubar carros, explodir tudo. Com um visual estético agradável, o jogo entra totalmente no título de ‘grotesco’, indo contra todos os princípios éticos, morais, sociais e civis conhecidos por nossa sociedade contemporânea.

Há ainda quem diga que este tipo de jogo apenas se restringe apenas às telas. Mas a ideologia do jogo se firma cada vez mais no meio das pessoas que o jogam, podendo fazer com que essa ideia grotesca de sociedade tome alguma forma real e exerça algum tipo de influência sobre sujeitos que não tem uma concepção concreta de princípios éticos e morais.

O controle do jogo deve existir, já que ele é classificado com conteúdo para adultos. O mínimo a ser feito, seria respeitar a classificação etária desta obra, já que com a distribuição rápida e a liberdade na criação de games é impossível tirá-lo de circulação. O mínimo a ser feito para proteger as pessoas que ainda estão com seus princípios em formação seria o respeito à classificação etária.

Jonas Sutareli


"Tudo o que te faz mal e você ama, algum dia vai te matar, de alguma maneira"

Share this

Related Posts

Previous
Next Post »