O filme aborda de uma perspectiva catastrófica o comportamento humano, que, aparentemente sem incentivos mais predominantes, tem a predisposição à determinadas atitudes, que em alguns casos não condizem com os padrões ético ou moral adotados pela sociedade.
No filme a personagem principal, Alex, que é de uma família de classe média que aparentemente não é afetado por nenhum problema social e psicológico, é adepto de comportamentos violentos, até o ponto de ser posto em uma escola para garotos com problemas de conduta para receberem orientação para não mais praticar atos contra a sociedade. Mesmo assim, Alex continua praticando tais atos subversivos com mais dois amigos, sempre entusiasmados ao preparem-se para a “boa e velha ultraviolência”, como eles dizem. Então, em um desses atos, Alex é pego e levado para o sistema prisional, como um verdadeiro criminoso.
Aí entra a concepção de condicionamento e controle do comportamento. A prisão, na teoria, é um lugar onde os seus ocupantes irão ser reabilitados para futuramente reintegrarem a sociedade. Irão reaprender os “bons costumes” da sociedade para não mais entrar em contraversão. No filme, a maioria dos casos, não muda. Os sujeitos não são reabilitados e continuam sempre no sistema prisional, causando superlotação nas prisões e defasagem no serviço prisional. Até que um ministro decide implantar um novo método de reabilitação, onde a personagem principal é o escolhido para ser mais uma cobaia desse novo método. Sua proposta é expor o “paciente” a violência e a atos semelhantes que ele cometeu, para que ele sinta-se enojado e tenha repulsa de vir a cometer estes atos novamente.
O filme trata de comportamentos subversivos que podem ser reconstruídos, trata dos valores sociais e das ferramentas do estado para controle da violência, onde o sujeito é submetido a passar pelo que ele mesmo cometeu, para que assim tome conhecimento empírico, de um outro ponto de vista, do que ele mesmo fez. Muitos valores éticos são postos nesse filme. Até que ponto a sociedade suporta a violência, até que ponto o sujeito é considerado violento ou perigoso ao convívio social e como mudar isso. Trata também do papel do governo sobre a violência e da família sobre o indivíduo. A família como instituição, dando apoio aos indivíduos que cometem atos subversivos e tentando transformá-los, tentando manter o papel de família, de dar abrigo, mas entrando em um dilema ao ver que o filho é contravetor.
Laranja Mecânica levanta muitas questões éticas, sociais e morais, como foram postas acima. Tornando-se não só mais um filme, mas um filme que traz de uma maneira diferente questionamentos sobre problemas sociais que desde tanto tempo atrás, são atuais e incomodam a sociedade.
Jonas Sutareli e Clariza Santos
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