Branco Sai, Preto Fica

O drama documentário brasileiro dirigido por Adirley Queirós, Branco Sai, Preto fica, apresenta o cinema marginal brasileiro. É isso mesmo, aquele que é feito e fala da periferia. Nesse filme observamos a vida de dois homens que tiveram suas trajetórias de vida marcadas pela truculência do Estado em um tiroteio em um baile de black music na cidade-satélite Ceilândia no DF. O filme retrata o cotidiano de dois homens, um paraplégico e outro com a perna amputada, a narrativa faz uma mistura com a ficção na existência de um personagem que veio do futuro para investigar e coletar provas do acontecido em Ceilândia-DF por ordens da justiça.
Branco sai, Preto Fica do título é referência a uma fala dos policiais que invadiram o baile mencionado, numa demonstração clara de racismo.
O filme tem um forte discurso político e crítico quanto a marginalidade, mas especificamente, aos moradores das periferias, no caso de Brasília, no entanto, pode ser expandido para outras realidades brasileiras. A percepção da cidade e a adaptação do sujeito a determinadas tecnologias que são necessárias para seu dia a dia evidencia o que chamo de “jeitinho brasileiro” e isso fica maximizado com as doses de sentimentos expressos na fotografia do filme que vai de imagens abertas, apresentando as paisagens das periferias e de quadro focais, quando falam diretamente da vida dos personagens.

Os anúncios ouvidos na rádio dão uma percepção de institucionalização da periferia como espaço reservado para “outros” não aceitos na cidade, exemplificado quando a rádio anuncia da obrigatoriedade de passaporte para entrar em Brasília. Aqueles que não o tem serão devolvidos para seus aglomerados populacionais. Seria essa uma regra não declarada oficialmente, algo invisível, mas palpável.
O filme em muitos momentos se torna repetitivo e me pareceu quebrar a narrativa, mas o mesmo tempo uma válvula de escape para a dura realidade projetada. O personagem do contêiner fica deslocado das cenas e solto na narrativa. A construção desse ser “extraterrestre” é próxima a uma esquizofrenia prazerosa e que dá uma leveza ao tema abordado nos remetendo a uma ficção com carateristas reais e dolorosas.
Branco sai, preto fica é uma obra que traz a tela a segregação entre centros e periferias, os esteriótipos dos marginalizados e o a luta pela valorização da periferia.

Assista o trailer

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