Finalmente acabei minha
maratona da série americana True
Detective, e tive uma das experiências das mais agradáveis em termos áudio
visuais e fiquei instigado a escrever sobre. True Detective não é mais uma série de investigação que mostra o
relacionamento amigável entre dois policiais detetives, muito longe disso, ela
absorve o que há de mais dramático em termos de construção de personagens com
uma narrativa densa e peculiarmente detalhista.
A primeira vista a série
pode soar como sombria demais para os telespectadores mais ingênuo, porém, no
desenrolar da trama o tom investigativo começa a surgir sem perder a árida tonalidade
cinzenta. Falando um pouco da trama, a série aborda o processo de investigação
de um crime bárbaro com supostas ligações de rituais de magia negra. Entre desaparecimentos
de pessoas, mulheres e crianças para sacrifícios ritualísticos satânicos, a
investigação dos detetives: Rustin Spencer "Rust" Cohle e de
seu companheiro Eric "Marty"
Hart perpassa a linha tênue entre o profissional e o pessoal.
Com
diferenças claras de personalidade entre os detetives, com Rust, interpretado
brilhantemente por Matthew McConaughey, tomando
o papel do policial devastado pela vida, perfil sombrio e por vezes conturbado
em seus argumentos, parecendo o tempo todo que está sofrendo, no entanto, com
uma experiência policial investigativa deveras impressionante. Já Marty,
encarnado na pele do ator Woody
Harrelson, é o policial mais pacato que tem família e já não se mostra tão
disposto assim a trabalhar intensamente assim; é controverso, e tem argumentos
politicamente corretos, apesar das atitudes serem um tanto quanto contraditórias. É importante falar que não há “browromance”
entre eles, como a maioria dos filmes e séries policiais americanas; eles têm
uma relação conturbada constantemente por situações que entrelaçam os
interesses da vida de ambos.
Apesar de recomendar muito
esta maravilhosa série, não posso deixar de mencionar o seu principal ponto
baixo. Como disse, a construção dos personagens é o que há de mais fundamental
na história, contudo isso se resume aos dois detetives principais e mais uma ou
outra persona da trama; senti um pouco de descuido ao construir a imagem do
assassino e quanto a sua revelação. Talvez um pouco mais de episódios relatando
motivações, desejos e angustias do vilão teria sanado este problema. Todavia
isso não tira o brilhantismo da série em momento algum.
A estrutura narrativa da
série talvez a ponto de maior destaque. Utilizando diversas linhas do tempo
para contar a história de dois detetives em busca de um assassino e/ou rede de
assassinos em Louisiana percorrendo 17 anos. É adotada uma narrativa sob perspectivas
e pontos de vistas que vão ou não se convergir no presente. Ou seja, Marty e
Rush contam no presente e de acordo com a suas visões como foi o processo de
busca desse assassino. Poderia falar diversas outras coisas para convencer você a assistir, mas vou deixar que a própria série te surpreenda e talvez ao fim da primeira temporada você entenda porque usei o subtítulo "entre a luz e a escuridão".
A série teve sua estreia em 12 de janeiro de 2014, possui oito episódios, e teve fim no dia 09 de
março de 2014; exibida pela HBO,
foi criada por Nic Pizzolatto e foi inspirada nos contos de Pulp Fiction da
década de 20 com o mesmo nome. O formato da série é de uma história fechada por
temporada, o que quer dizer que a 2ª temporada (já confirma) terá um novo
elenco.
Tenho que destacar a música de abertura da série, é formidavelmente impactante o country cantado e já te põe no clima.