The Call: suspense à moda antiga



Essa semana fui ao cinema com os amigos (coincidentemente a equipe do Sociedade Encena. rsrs) assistir “The Call” (mais um título deturpado pela produção brasileira e transformado em “Chamada de Emergência”) e me surpreendi positivamente com alguns elementos que o filme faz questão de apresentar. A trama, que tem 1 hora e 35 minutos nada cansativos de duração, retrata momentos decisivos da vida de Jordan (protagonizada por Halle Berry) como uma operadora do serviço de emergência da requisitada polícia norte-americana. As tensões que rodeiam esses momentos decisivos são características fundamentais para fazer jus ao gênero suspense a que o filme se enquadra e, por sinal, o faz muito bem até o fim. O universo criado pela direção de Brad Anderson e equipe fascina a cada instante. Se você assistir, não vai piscar! (a não ser que pisque pelos sucessivos sustos). Cada atitude de Jordan reflete seu treinamento intensivo e sua vasta experiência, e cada palavra ao telefone é uma batalha travada para permanecer racional e não se envolver afetivamente com os casos das vítimas. Entretanto, os direcionamentos que Jordan impõe aos casos são terminantemente decisivos para os seus desfechos. E, sem dúvidas, essa é uma responsabilidade absurdamente enlouquecedora, mesmo para os profissionais da área.


Na grande maioria dos casos, o operador(a) do serviço de emergência não sabe como o drama vai acabar. Após a ligação e as orientações subsequentes, uma unidade da polícia é deslocada para o local e toma conta de toda a situação. Por isso a necessidade do afastamento afetivo e da neutralidade. Mas a barra é pesada demais pra segurar quando o operador(a) sabe que suas decisões durante a condução dos casos foi crucial para um fim determinado. Esse é o drama de Jordan, uma das mais experientes naquele serviço, mas que comete deslizes inconcebíveis durante um dos casos.


Li em uma das opiniões sobre o filme que ele é um retrato das filmografias dos anos 80 dos Estados Unidos. E concordo completamente! Sabe aqueles filmes que reprisam o tempo todo em TV aberta? Pois bem. “The Call” tem uma série de elementos retrô e não se envergonha disso. Faz isso de propósito. E acho que foi um orçamento de U$13 milhões muito bem gasto. O filme é recheado de suspense, de impactos sonoros agudos e arrepiantes após momentos de um silêncio contínuo... É recheado daquela sensação de sempre estar sendo seguido.


Outro aspecto que posso citar sem dar um baita spoiler é o caráter investigativo que se dá na relação entre Jordan e Casey, essa última uma vítima que porta um celular impossibilitado de ser rastreado. A percepção da logística, as orientações de Jordan quanto a descrição dos lugares, posicionamento de antenas telefônicas para solucionar o mistério do perfil das estradas, modelo e placa do carro do assassino, a tinta jogada no asfalto para demarcar a passagem do automóvel, etc. Todos são elementos que conferem um dinamismo excelente a produção. Definitivamente, valeu o ingresso!

Abaixo, disponibilizo dois vídeos. O primeiro é o trailer de “The Call”, pra você ir se animando aí. O segundo é uma entrevista da atriz Halle Barry a uma emissora brasileira (durante o lançamento do filme no país), onde ela fala um pouco dos desafios e da preparação pra viver a personagem. Dentre um dos dados, Barry diz que 80% dos operadores são mulheres, o que logicamente explica a busca por um perfil profissional mais centrado, que conduza com mais calma os casos.  


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