Promised Land - Crítica


Promised Land (2012), do cineasta estadunidense Gus Van Sant, é um filme “necessário”. Digo isso e penso nas tantas controvérsias envolvendo a temática ambiental de que temos conhecimento nos dias de hoje, seja através dos meios de comunicação seja nas escolas, universidades, conversas informais etc. Num mundo em que cada vez mais os indivíduos perdem de vista o real valor das coisas e se preocupam apenas com o seu preço, Van Sant provoca ao mostrar que a relação do ser humano com o lugar que habita pode ser bem mais que uma relação utilitarista e predatória.
Baseado numa versão preliminar do romancista Dave Eggers, o filme retrata o interesse de uma grande corporação em arrendar as terras de pequenos proprietários moradores de uma cidade rural americana. A empresa, que lucra trilhões em todo o país com a exploração de gás natural, envia para a cidadezinha dois dos seus melhores negociadores para convencer políticos e demais cidadãos de que o negócio que pretende começar ali não só trará dinheiro para o lugar como também irá melhorar a qualidade de vida de todos – com a empresa vêm escolas melhores, um atendimento de saúde mais eficiente e outras promessas de caráter duvidoso.


Steve Butler (Matt Damon) e Sue Thomason (Frances McDormand), os dois portadores da “boa notícia”, se deparam com algo inesperado: de um lado, a decisão contrária de alguns proprietários em arrendarem as suas terras, e de outro, a firme e decidida resistência de um engenheiro aposentado e professor do Ensino Médio e de um militante das causas ambientais, que defendem a não exploração do gás na cidade por tratar-se de uma intervenção violenta e geradora de inúmeros problemas, como a contaminação dos recursos hídricos, o envenenamento dos animais e o empobrecimento do solo.
O filme mostra esse embate entre os que se interessam pelo lucro e a acumulação de capital, não importando as conseqüências para as pessoas e para o meio ambiente, e os que buscam uma convivência mais respeitosa com o espaço que os cerca. Nessa peleja vale tudo para ter acesso ao faturamento de trilhões de dólares, o que fica evidente na passagem em que o personagem de Damon tenta subornar o prefeito para que ele não coloque a questão da exploração do gás na cidade em votação.
Merece destaque ainda a metanoia vivida por Steve Butler – I’m not a bad guy!, ele diz repetidas vezes –, mas em minha concepção, o centro nervoso de Promised Land é esse conflito entre a lógica do “quanto mais grana melhor” e a outra calcada na valorização da terra e de tudo o que ela representa.
Num período em que o agronegócio (para citar o caso brasileiro) se apossa de terras indígenas e de territórios quilombolas, agride desavergonhadamente o meio ambiente e provoca uma série de outros transtornos, o mais recente filme de Gus Van Sant ajuda a refletir sobre as seguintes questões: Que desenvolvimento é esse? E qual desenvolvimento queremos?

Charles

Buena Pregunta!

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