Nota: ★ ★★ (Bom)
Sem mais delongas vamos a
sinopse. Nascido em Krypton, o pequeno Kal-El viveu pouco tempo em seu planeta
natal. Percebendo que o planeta estava prestes a entrar em colapso, seu pai
(Russell Crowe) o envia ainda bebê em uma nave espacial, rumo ao planeta Terra,
e levando com ele importantes informações de seu povo. Contrariado com tal
atitude, o General Zod (Michael Shannon) tenta impedir a iniciativa e acaba
preso. Já em seu novo lar, a criança foi criada por Jonathan (Kevin Costner) e
Martha Kent (Diane Lane), que passaram a chamá-lo de Clark. O tempo passa, seus
poderes vão aparecendo e se tornando, de certa forma, um problema, porque isso
evidencia que ele não é um ser humano. Já adulto, Clark (Henry Cavill) se vê
obrigado a buscar um certo isolamento porque não consegue resistir aos
salvamentos das pessoas e sempre precisa sumir do mapa para não criar problemas
para seus pais. Mas o terrível Zod conseguiu se libertar e descobriu seu
paradeiro. Agora, a humanidade corre perigo e talvez tenha chegado a hora das
pessoas conhecerem aqueles que passarão a chamar de o Super-Homem.
Estávamos esperando um filme do
homem de aço que, de certa forma, “apagasse” o fracasso de crítica e público
que veio a ser o filme anterior “Superman - O retorno”. Nesse sentido, o novo
filme consegue superar o seu antecessor em aspectos proeminentemente óbvios pra
quem conhece a história do personagem estabelecido nos quadrinhos e, ao mesmo
tempo tendo a liberdade criativa para a adequação ao roteiro cinematográfico. O
longa começa com cenas de Krypton, de como ela é destruída e como Kal-El é
enviado a terra; devido a essa tomada de referencial partindo de um planeta
para outro, o filme tentou localizar o seu argumento a partir do ponto de vista
do “alienígena enviado a terra”. Em vários momentos Clark é visto como o
estranho, o não encaixável, no entanto, no final do segundo ato e início do
terceiro, ele já é tratado como o “salvador da humanidade”. Em se tratando de Superman,
analogias cristãs existem desde a sua criação, é impossível negar isso. Há sim
uma extrapolação em certo momento dessa característica, o que torna o filme
muito desequilibrado no argumento. A visão do “extraterreste vivendo entre nós”
é sorrateiramente sobreposta ao de “salvador”. O que me faz pensar no seguinte:
todas as consequências destrutivas que assola o planeta terra é consequência da
vinda de um “alienígena”, certo? Então, nessa lógica, podemos pensar que
Superman não tem nada de salvador, e sim que está apenas tentando consertar a merda toda que ele mesmo foi o causador; claro que ele não teve culpa direta nisso
afinal era bebê quando foi enviado, mas as consequências do que aconteceria com
a humanidade caso um extraterreste se revela-se é constantemente colocada à
prova.
O filme aponta acertos
louváveis dentro dessa liberdade roteirística, uma delas é a justificação da nova
roupa do Superman. Agora sem a cueca por cima da calça, o traje aparenta ser
mais eminentemente alienígena, e ao contrário do que se imaginou (antes da
estreia) não chegou a incomodar. Outro aspecto positivo são as atuações, Henry
Cavill, consegue nos convencer como Superman, mas destaco as interpretações de Russell
Crowe, muito boa, e principalmente a de Michael Shannon que interpreta um vilão
denso com objetivo genuíno, e uma motivação aceitável. Em contra partida, a
personagem Lois Lane, interpretada por Amy Adams, tem uma certa importância na
história, mas não encontra consistência no roteiro para que isso se transforme
em uma boa atuação. O grande problema que esse homem aço enfrenta se encontra
no roteiro, confuso em diversas vezes, o filme prioriza, e supervaloriza as características
visuais do grande investimento que foi demandado. Penso que, principalmente no
terceiro ato, a grande batalha entre Zod e Superman se torna grande demais e
chega a ser cansativa, excluindo aí o elemento surpresa, tanto em golpes
inovadores, quanto em aspectos visuais. Assim também destaco o enorme buraco de
roteiro que de repente de uma hora pra outra a cidade estar totalmente reconstruída
e todos felizes mesmo depois de dois “deuses” lutarem até a morte. Pelo menos
30% do filme é desnecessário.
Mesmo com todas essas
ponderações em relação ao longa, gostei da tentativa que renasce o personagem
no cinema, penso que conseguiu em diversos aspectos positivos. De maneira
alguma é perda de tempo assistir. Funciona como uma boa ficção científica, porém
como filme de super-herói, deixa a muito a desejar. Também compreendo que nesse
filme fomos apresentados a um Superman imaturo, que não tem muita noção dos
seus poderes e da sua importância e consequências na humanidade, ou seja, ainda
não é aquele homem de aço que lidera a Liga da justiça... Este está em processo
de formação. Só nos resta termos esperanças que o Super-Homem entenda os erros
do passado e concretize as bases de fundamentação do personagem no cinema.