Max Payne

imageA história que culminou em grande sucesso no universo dos games foi elaborada por Sam Lake e desenvolvida inicialmente pela empresa finlandesa Remedy Entertainment e pela 3D Realms, a partir do ano de 1997. O enredo tão bem conhecido dentre os consumidores do jogo apresenta uma história que se baseia na perda da vida feliz ao lado de uma típica e bela “família americana” e na vingança sem limites de um promissor policial. Como se deu essa passagem dos games para as telonas sob a direção de John Moore é o objeto primordial a que irei me basear daqui pra frente.

Tipicamente, o consumidor de games necessita de uma boa justificativa que “compense” as mortes virtuais que irá causar a partir do início da empreitada para zerar determinado jogo. Não muito diferente é o consumidor de filmes, que se agarra em uma personificação do bem para justificar qualquer atitude “fora da lei” do seu mais novo herói. No game, O detetive Max Payne perde tudo. Não pode fazer absolutamente nada para evitar o trágico assassinato de sua esposa Michelle e seu bebê.

No filme, o enredo se desenvolve respeitando a história original do jogo (o que raramente é comum nesse tipo de processo). Entretanto, dentre todas as situações que poderiam ser escolhidas para fixar o senso de “justiça” do caro consumidor ao personagem principal, a mais interessante foi selecionada: como já dizia “BB” – então colega de Max Payne – o detetive poderia ter evitado toda a tragédia se não tivesse se atrasado por meros 10 minutos. Exatamente 10 minutos, portanto, separou Payne (encenado estranhamente por Mark Wahlberg, ator que se destaca pela sua falta de emoção no papel, podendo-se justificar ao indicar ser um comportamento do próprio Max Payne) da garantia de segurança da sua família. A partir de então se inicia uma caçada implacável e minuciosa do detetive, agora na narcóticos, para farejar pistas que o leve aos assassinos, para concretizar a tão esperada vingança.
O que Max Payne não sabia é que as mortes de sua esposa e filha faziam parte de uma complexa trama que vai para além de uma simples “tentativa de furto”. O que Max Payne precisava enxergar ficou mais patente após a morte de Natasha, uma misteriosa jovem que conhecera logo no início do filme, em uma de suas investidas investigativas. A jovem Natasha foi brutalmente assassinada, tendo como últimas imagens uma série de alucinações. O que Payne precisava descobrir acabou percebendo da forma mais difícil. Seu amigo e ex-parceiro Alex já havia detectado a presença de um denominador comum entre as mortes de Michelle Payne e Natasha, mas morreu em uma emboscada sem ter chances de contar ao amigo. Até aí, como explicar uma aparente história trágica, mas “comum”, entrelaçada com visões de aves gigantescas e negras, fundamentalmente para os não-conhecedores do enredo do jogo? Tudo irá se esclarecer nos próximos momentos!
O detetive reúne evidências que o leva ao paradeiro de Owen Green. Ajudado pela irmã de Natasha, que também quer vingança, Max Payne se direciona a residência de Green, a fim de conseguir algumas respostas que amenizem a dor que sente pela falta de caminhos lógicos a seguir, para solucionar não mais apenas a morte de Michelle, mas a da jovem Natasha também. Já no apartamento, Max tenta conciliar, em uma conversa tensa de perguntas exaustivas a Owen Green, mas este se descontrola e se joga do prédio, caracterizando aquele que é o primeiro e sensacional efeito visual do filme até então sonolento. Owen Green se joga, mas, na verdade, visualiza um monstro de asas negras o puxando para fora do prédio. Após algumas procuras de informação e aquelas eventuais torturas de todo o filme policial, Max Payne descobre que tais alucinações eram causadas por uma droga de líquido azul, chamada “Valkyr”, ou apenas “V”. Originalmente, a droga estava em desenvolvimento como parte integrante de uma fracassada experiência militar que buscava capacitar ainda mais os exércitos, em busca de um soldado perfeito, indestrutível ou qualquer coisa do tipo. Tais sintomas de força na guerra, fome de sangue, ausência de medo, deveriam ser o resultados finais da droga, mas, mesmo eles sendo possíveis, só foram vistos em cerca de 1% do militares. O restante sofria pela dependência e insanidade, espalhada por uma droga distribuída por Lupino, um ex-sargento fanático a cometer atrocidades em nome do vício. Estava então desvendado o mistério que atormentava a vida de Max Payne e que agora, ao menos, o confortaria por deixar de crer que as mortes dos seus grandes amores tenham sido apenas ocasionadas por marginais de terceira categoria com objetivos de terceira categoria, o que na realidade não foi o ocorrido. Michelle Payne havia descoberto as experiências clandestinas no seu local de trabalho, a Aesir, não podendo sobreviver com a consciência da existência de uma informação tão perigosa.
Embora tivesse conseguido esclarecer grande parte da trama, o detetive não teria descanso algum enquanto não matasse o responsável pelas maiores amarguras que um ser humano poderia sentir. Para dificultar a sua empreitada, Payne passou a ser perseguido não apenas pela máfia, mas por elementos provindos da própria polícia americana. Nem o mais pessimista espectador poderia crer que aquele que seria a base principal de sustentação (após a morte de seu parceiro Alex) era na verdade o assassino de sua família: “BB”. Após descobrir a ligação envolvendo “BB”, a distribuição da droga e as mortes para silenciar fatos gravíssimos, o Max Payne dos games, aquele de reações fervorosas, astutas, indescritíveis, surge no filme (como raras vezes) para dar um fim na agonia. Chega a ingerir a droga “V” para sobreviver a algumas fortes adversidades e enfrentar inúmeros “figurantes” para então matar seu principal inimigo. A partir daí, se fazem mais constantes efeitos visuais de extrema qualidade, ocasionados ainda pelos sintomas da droga “V”. Alucinações que agora atingem o detetive que tanto lutou contra isso.
É bem certo que Max Payne matou “BB” antes que este conseguisse escapar. É bem certo que Max Payne sensibilizou quem o assistia com palavras fortes sobre a existência do “paraíso” ou de “anjos”. Entretanto, o que não podemos deixar de atribuir significativa importância, mais até do que vários momentos impactantes do filme, foi o seu caráter “finalizador”, ou seja, a trama foi aparentemente finalizada, sem perspectivas de uma continuidade lógica. O que particularmente me deixa bastante feliz! Isso pelo simples fato de que bem sabemos o quão trágicas são algumas sequências, além de ser trágica também essa adequação do game em filme. Assim sendo, se estes esforços foram minimamente satisfatórios (a não ser pela presença tosca do ator Mark Wahlberg, nenhum pouco merecedor do papel) que se deixe assim.
Já sabem, quanto mais se tenta consertar...
Que o diga o saudoso exemplo das continuidades de Resident Evil, em breve nosso próximo filme a ser analisado nesta tão interessante Sessão.
Wanderson Gomes
Assista ao trailer:

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