As entrevistas são, em sua maioria, composta por artistas. Além de recitação de textos falados por intelectuais e famosos dentro dessa temática da criação de uma identidade nacional como: Gilberto Freire, Sergio Buarque de Holanda, sem falar do próprio texto de Darcy Ribeiro O povo brasileiro. Mas, há ainda citações de verso de viajantes português como: Pero Vaz de Caminha. Todos esses textos comungando da idéia de que o povo brasileiro é formado através da mistura inter-racial, construindo assim um tipo de cultura híbrida, que não nega nem as suas origens indígenas e português, nem tão pouco as suas origens africanas, mas, se estrutura em uma identidade própria embasada exatamente na mistura.
A imagem que o filme apresenta é a imagem de um Brasil constituído através da mistura. Mistura essa que é tratada no filme com uma aparência muito harmoniosa, ou seja, sabemos que a formação do Brasil é composta desse encontro entre povos, mas esses encontros são por várias vezes foi, e é marcado de sob o conflito, essa relação de conflituosa é de fundamental importância quando se fala da formação do povo brasileiro. Aspecto que é apresentado o livro de Darcy Ribeiro O povo brasileiro, que logo na introdução ele explicita que é um mito se pensar na formação do Brasil como uma integração racial pacifica, mas, no entanto, no filme não se dá esse tipo de viés. No filme as revoltas, principalmente dos negros, não são apresentadas e se são, é de forma muito velada; dá à impressão que tudo ocorreu da forma mais natural possível, os portugueses vieram para o Brasil não conseguiram escravizar os índios, trouxeram os negros africanos para eles sim escravizá-los aqui. Em nenhum momento no filme se falou na revolta dos quilombolas.
Esse tipo de interpretação passiva apresentada no filme/documentário demonstra uma idéia ingênua e quase utópica quando se refere à realidade. Uma harmonia entre as “raças” que ratifica tão somente a tal existência de que no Brasil há uma “democracia racial”. (Vide Gilberto Freire)
A cultura brasileira apresentado no filme tem uma conotação de ser uma cultura de retalhos. São pequenos traços das diferentes culturas, que são significados e fundido para se formar a cultura brasileira numa fusão cultural dos índios com os portugueses e os negros. Concepções fundamentadas nas grandes interpretações do Brasil difundidas a partir da década de 30.
Fazendo uma análise do argumento no roteiro do filme. Os personagens entrevistados são em sua maioria, como já havia dito formado de artistas e intelectuais, tendo pouca voz do povão, do povo brasileiro puro e genuíno. No filme, as vozes dos “não intelectuais” e “não artistas” são sistematizadas em um plano muito fictício.
Em minha opinião o filme não tratou o livro de Darcy Ribeiro com total rigor, sendo assim, toda dimensão alcançada no livro, não se concretizou na reprodução fílmica. Mas, mesmo assim, o filme tem uma importância substancial no que se diz respeito à divulgação de como o Brasil foi formado, mesmo de maneira ingênua às vezes, e como se deu as nossas origens indígenas e africanas.
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